segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

alimentos in natura e de grãos germinados combatem vários males

Por uma alimentação viva

Médico defende o consumo

Rei Santos
"A grande doença de hoje é o excesso de proteína, gordura e carboidrato", observa Alberto Peribanez
Não é preciso torcer o nariz. Quando falamos em alimentação viva não estamos nos referindo ao consumo de insetos ou outros animais, mas na ingestão de frutas, legumes e verduras crus ou pouco cozidos e sementes e grãos germinados.

Essa é a base de uma culinária defendida pelo médico e cirurgião Alberto Peribanez, especialista em Nutracêutica, ciência que estuda as funções medicinais de alimentos e plantas. Ele esteve em Londrina pela primeira vez, ministrando uma palestra e compartilhando receitas.

"Hoje, o paciente que é diagnosticado com diabetes, hipertensão, obesidade ou outras doenças crônicas recebe essa notícia como uma sentença, pois entende que terá que tomar remédios pelo resto da vida. É nesse contexto que falo da importância da alimentação. A grande doença de hoje é o excesso de proteína, gordura e carboidrato", observa.

Os alimentos vivos são aqueles que têm suas enzimas, vitaminas, proteínas e fótons (partículas de luz solar presentes nas folhas de uma hortaliça fresca) vivos. Portanto, os métodos de preparo são diferentes dos tradicionais.

De acordo com o médico, quando se aquece os alimentos ocorre uma perda de elementos importantes, como as enzimas, fitoquímicos e nutrientes, que são essenciais para o bom funcionamento do organismo. Para se ter uma ideia, a partir de 60°C, as estruturas moleculares dos alimentos já começam a se alterar.

Em seu livro "Lugar de Médico é na Cozinha" (2008), Peribanez cita que "alimentos em sua forma natural seguem o processo digestivo no qual as vitaminas e os minerais desejados pelo metabolismo são extraídos de forma harmônica e extremamente precisa pelo corpo".

Ele explica ainda que as sementes e grãos, como trigo, centeio, aveia, lentilha, feijão, grão de bico, entre outros, são potencializados com o método da germinação, oferecendo uma gama de enzimas e a clorofila. Com esse processo, é possível aumentar em até 20 mil vezes o potencial nutritivo, além de preservar as propriedades terapêuticas e energéticas.

"Não sou um crítico da alimentação da sociedade como um todo. Mas digo para as pessoas buscarem uma carne mais fresca, sem aditivos químicos e hormônios. Por exemplo, em vez de comer um frango de granja, coma um frango caipira. Qualquer pessoa pode comer um carboidrato e uma proteína melhor na sua dieta", conclui.

INFLUÊNCIAS
O entusiasmo pelos alimentos vivos surgiu de uma curiosidade sobre os benefícios do vegetarianismo, ainda quando Peribanez era estudante de Medicina na Universidade de Brasília (UNB).

Em 1984, no final de uma pesquisa feita em uma comunidade carente, veio o "start". "Vi que esta população comia basicamente açúcar, farinha, biscoito, bebidas coloridas (artificiais), óleo e salsicha. Foi aterrorizante", diz.

Em pouco tempo, Peribanez resolveu "botar a mão na massa". Na época que era professor, na Universidade Estácio de Sá (RJ), muitas vezes trocava o jaleco por um avental. Era na cozinha de um bistrô chamado "Oficina da Semente", que deu início à prática do que considera a melhor receita para a saúde.

Peribanez foi além e se aprofundou na cultura dos essênios, revelada pelos Manuscritos do Mar Morto. "Tive acesso a um livro que traz claramente as refeições que Jesus fazia. O pão essênio que ele repartia, contém carboidratos complexos, dose de amido e estrutura pura da semente do trigo germinada. É rico em proteínas e, por isso, nos dá a condição de nos alimentar como se fosse carne, ao contrário do pão da padaria que é amido puro cozido em alta temperatura", completa.

Para criar essa massa, utiliza-se basicamente um punhado de trigo em germinação, uma pitada de sal e um fio de azeite. Outra fonte importante apontada pelo médico é a gordura vegetal. De acordo com ele, a gordura do coco substitui a hidrogenada e faz bem para as células do nosso corpo, pois pode ser prensada a frio e não perderá as propriedades naturais.

"Existem também outras fontes de óleos vegetais como a noz pecan, a castanha-do-pará e o próprio amendoim se for bem produzido. A gente tem condições de mudar os produtos básicos da culinária e isso confere a base para um novo modelo de saúde", afirma.

Em Londrina, Alberto Peribanez foi recebido na comunidade Lua Sol, onde residem quatro famílias adeptas aos ensinamentos dos essênios.
Micaela Orikasa
Reportagem Local

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