FOLHA DE LONDRINA
Sema inicia mutirão de limpeza no Bosque
Objetivo é acabar com a sujeira causada pelas pombas; secretário aponta o abate como alternativa para reduzir a superpopulação das aves
Segundo a última estimativa, existem 200 mil pombos em Londrina
Quem passa pela área central de Londrina é obrigado a conviver com o mau cheiro e a sujeira
Lavagem dos mobiliários começou ontem à tarde
Retirada dos excrementos das pombas, de galhos caídos, lavagem do imobiliário, além de um trabalho educativo com a população sobre a importância de não alimentar as aves. As ações compõem o mutirão de limpeza que começou ontem no Bosque Central, localizado entre as avenidas São Paulo e Rio de Janeiro, em Londrina, e tem como objetivo minimizar os riscos a que a população está submetida ao conviver com o depósito de fezes das pombas ao ar livre.
A chamada "intervenção de choque" será a primeira de uma série de ações programadas pelas secretarias municipais do Ambiente (Sema) e de Obras e Pavimentação, Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul), cujo intuito é, a longo prazo, diminuir a superpopulação de pombas na área central e revitalizar todo o espaço. Segundo a última estimativa da Sema, existem hoje 200 mil pombos em Londrina.
O problema é antigo na cidade e há vários anos existem discussões sobre a maneira mais eficaz para evitar uma superpopulação. O assunto é polêmico e divide opiniões da administração pública, pesquisadores e população.
Uso de repelentes, de aparelhos sonoros e até a construção de um pombal foram algumas das tentativas de manejo realizadas nas administrações anteriores. Discutiu-se também o abate das aves, mas nenhuma empresa ou instituição se interessou pelo trabalho em virtude das muitas exigências do Ibama.
O problema continua sem solução e incomodando quem convive diariamente com o mau cheiro e até o risco de ser contaminado com alguma doença. A corretora de seguros Cleide Nascimento afirmou que duas amigas contraíram criptococose - infecção causada pela inalação de um fundo geralmente associado a fezes dos pombos. Apreensiva com o risco, ela, que é moradora da área central há cerca de 16 anos e utiliza o trecho diariamente para ir e voltar do trabalho, diz que procura evitar passar pelo Bosque sempre que pode. "Fui vítima da revoada das aves por diversas vezes."
A empregada doméstica Vera Lúcia Gonzaga, moradora da zona norte, observa que a poluição provocada pelo acúmulo de fezes no Bosque Central é ainda pior quando chove. "Logo depois da chuva dá pra sentir aquele cheiro horrível; é difícil conviver com isso, chego a passar mal, porque já tenho alergia respiratória."
A cozinheira Suellen da Silva lamenta não poder mais usar os bancos do Bosque para relaxar durante o intervalo do trabalho, por causa das camadas de excrementos das pombas. "Aqui poderia ser uma área de lazer muito utilizada pela população", salienta.
Desequilíbrio
O secretário da Sema, Cleuber Moraes Brito, afirma que a superpopulação das aves não pode ser resolvida de uma hora para outra, porque a questão é ainda mais ampla. "Manejar essas aves não é uma coisa simples, precisamos estudar uma forma razoável e eficaz de combater essa superpopulação e isso não dá para ser feito a curto prazo", destacou. "Enfrentamos um desequilíbrio ambiental aqui. As aves vão para as propriedades agrícolas da região, se alimentam e voltam à noite para dormir na cidade, onde não há predadores naturais", observa.
Segundo Brito, a possível alternativa a ser adotada será a captura das aves e abate. No entanto, para isso a Sema precisará novamente iniciar o diálogo com o Ibama em busca da autorização para o abate e depósito da carcaça dos animais.
Enquanto a solução não vem, o secretário garantiu que será realizada uma limpeza diária nos locais mais atingidos com o excremento das aves na área central. Também serão realizadas ações educativas sobre a importância de não alimentar os pombos e formas de evitar a contaminação pelas aves.
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