É
quase impossível falar de um homem como Amadeu Puccini nos dias de hoje, sem
que haja algumas dúvidas e desconfianças sobre a veracidade da história. Para
início de conversa, não existe nenhum parâmetro a ser traçado,bem como nenhum
ponto de referência a ser comparado. Dedicou
grande parte de sua vida, a praticar atos beneméritos e humanitários em prol do
bem- estar do povo de sua comunidade. Sempre
pronto a ajudar os menos favorecidos e todos que o procuravam. Amadeu
Puccini era daqueles homens que sempre buscou o “SER”. Talvez não tivesse tido
tempo suficiente em sua vida em se importar com o “TER”. Para
ele, o próximo era mais importante, acima de qualquer coisa.Pertencia
a Sociedade São Vicente de Paulo, da qual era presidente. Talvez tenha vindo
daí a explicação dessa sua vocação, comportamento e procedimento.
Em
eventos importantes, como no dia dedicado e consagrado aos mortos ,
Amadeu
Puccini, se plantava no portão principal do Cemitério com um embornal
em mãos, angariando fundos para os Vicentinos, o dia todo, isso também
em seus tempos de
Prefeito. Sempre
envolvido com o povo e consequentemente em política, que acredito tenha sido
uma de suas grandes paixões. Todavia,
a política praticada por Amadeu Puccini era diferenciada e muito, das políticas
praticadas hoje. Acreditava
na grande verdade de sempre que atualmente é sufocada e mascarada: “O povo é o
senhor da razão”.” O poder emana do povo”. “Do povo doutrinado, não do povo
manipulado”. São
frases que muitos políticos não gostam de ouvir, sem duvidar todavia que a
força do povo e muito poderosa. Como
homem público, Amadeu Puccini teve como seu grande patrão, o povo. Era devoto do cooperativismo, colaboracionismo,
parceria, o único e grande sistema, desde os antigos tempos da sobrevivência
humana. Esse sistema era infalível. Não girava dinheiro.
Girava favores, permutas, trocas. Tudo
aquilo que conseguia por intermédio da política, era dirigido para o povo, seu
grande parceiro. Seu
Amadeu Puccini foi o grande homem público de Rolândia na época, foi pelos
anseios do povo. Ele não pagou por isso. Tudo era uma retribuição. O povo retribuía. A eterna consideração honesta e silenciosa desse povo. Foi
um dos vereadores mais votado na primeira eleição para prefeito de Rolândia,
que elegeu Adalberto Junqueira e Silva, pelo voto popular. Desde
essa época, Amadeu Puccini já esteva lá. O primeiro entre os primeiros. Começava
a despontar o grande homem público. Á
partir desse acontecimento sua existência de discreto, honesto, probo e humanitário se firmou de maneira tão concreta que o levou à Prefeitura em 1959. Sua
administração foi singela até certo ponto, firmando seu propósito para o lado
social, seu ponto forte. Suas
obras de maiores vultos, foram a construção da Caixa D’Água na Rua Estilac Leal
e o início das obras do prédio da prefeitura. A Sta. Terezinha, adquiriu terrenos para construção da Santa Casa,
mais tarde transferido para a Sociedade São Vicente de Paulo e doações de
terrenos que antes eram destinados à construção de praças, reservado pela
C.T.N.P. (Companhia de Terras Norte do Paraná) e doação de um terreno para a
construção da Escola Normal na Salgado Filho e Colégio Santo Antônio. Como
toda cidade pequena havia comentário sobre o prefeito, sobre tudo e sobre
todos. Rolândia, não era uma exceção. Como
toda cidade pequena havia comentário sobre o prefeito, sobre tudo e sobre
todos. Rolândia, não era uma exceção. Até
aonde vai a veracidade do caso, não tenho conhecimento, mas esse foi muito
comentado na época. Na construção da caixa d’água, Izidro Rodrigues (Alcides Carpinteiro) um profissional que havia construído meia Rolândia, ficou um pouco
“queimado” por não ter pego o serviço de madeiramento do andaime da construção.
Logo depois da caixa já pronta, alertou o prefeito de quem era muito amigo e
correligionário, sobre o prumo da caixa. Estava um pouco fora. Obteve a
seguinte resposta: “A caixa foi projetada por engenheiros do Estado. Deixa de
ser besta”. Alcides, como todo bom espanhol, comentou o fato com seus amigos da
área, que foram logo tirar a prova. Após algum tempo, o laudo ficou pronto e
Alcides foi levar para o Prefeito. Ela estava realmente quase quarenta
centímetros fora do prumo. Amadeu Puccini, pediu-lhe sigilo absoluto sobre o
fato. E o fato caiu no ostracismo. A
comissão de Formandos do Ginásio de 1,961 fizeram-lhe uma visita para o convite
e ao mesmo tempo solicitar alguma ajuda de custo para a formatura que era de 81
alunos e muitos deles eram desprovidos de recursos até para o traje. Ele
nos acenou com uma negativa, alegando que a prefeitura não dispunha de recursos
para tal finalidade, que tinha pagamento de funcionários, professores e
recursos para educação e saúde, comprovando com umas pastas de papeis e ele não
desviava verbas. Todavia tirou do
bolso duas notas de cem cruzeiros, pedindo mil e uma desculpas
por não poder ajudar mais. Na
saída, alguém da comissão, sugeriu que fosse feita uma “vaquinha” para comprar
um presente para ele, no dia da formatura, o que foi feito. Foi adquirido um
cartão de prata escrito pelo professor Demétrio, agradecendo pela colaboração. Um detalhe importante. No verso do cartão constava o nome dos Formandos, bem como o nome de todos os professores. As
palavras do discurso que Amadeu Puccini faria durante a cerimônia, escritas à
próprio punho em quatro folhas de papel almaço com pautas, foram proferidas por
uma de suas filhas. Ele não conseguiu apesar de tentar duas vezes. Era muito
emotivo. Durante seu mandato, pelo menos duas vezes por
mês saia com Adalberto Junqueira e Silva, seu amigo, mineiro como ele e ex-prefeito,
proprietário da Farmácia Rolândia que ficava onde é o Bradesco hoje, na eterna
busca do bem estar do povo. Na
farmácia, Adalberto Junqueira mantinha uma outra paralela, em menores
proporções, com um estoque de medicamentos em Amostras Grátis e Bonificados
especialmente para esse fim. Utilizava
o Jeep de Adalberto para não utilizar os veículos da prefeitura, dividiam as
despesas e partiam para a peregrinação. Sempre aos sábados de manhã com retorno
no domingo pela tarde, ou noite, se o tempo assim o permitisse pois quando chovia, era um Deus nos acuda. As estradas eram boas quando no tempo seco. O que atrapalhava
um pouco era o barro de terra vermelha. As
comunidades visitadas eram: Cafezal, Caramuru, São Martinho, Km. 5, Km 10, Km 15,
Caiuby, Água do Jaú, Ribeirão Vermelho, Deizinho, Pitangueiras (Santo Antônio), Jaborandi,
São Rafael, Bandeirantes, Floresta, Córrego do Ema, Bartira, Escolas Rurais, Colônias de
Fazendas, Colônias de Serrarias e levavam sempre um funcionário da farmácia
para o caso de alguma injeção, aplicação de soro venoso e curativos. Em
alguma localidade a visita era rápida, uma vez que sempre tinha alguém que era
responsável pela comunidade.Amadeu
Puccini não praticou esses atos sozinho. Tinha sempre alguém para lhe ajudar. Era nessa força
que ele acreditava. Amadeu
Puccini um homem simples, de alma pura, bem acima e muito além de seu tempo.