Nesta minha primeira manhã de londrinense, eu não poderia deixar de agradecer a todos que estiveram ontem na Câmara Municipal, quando recebi o título de Cidadão Honorário de Londrina. Foi uma noite de grandes emoções, em que me lembrei da valsa de Arrigo Barnabé: “E a noite descia tranquila ∕ E a noite envolvia Londrina”.
Emoção ao encontrar os amigos e familiares — sendo que alguns vieram de longe.
Emoção ao ouvir as belíssimas e generosas palavras do vereador
Filipe Barros, proponente da honraria.
Emoção ao ouvir a saudação afetuosa do prefeito Marcelo Belinati.
Emoção ao abraçar os velhos e os novos parceiros de vida e trabalho.
Emoção ao escutar “Jesus Alegria dos Homens” no violino do maestro
Roney Marczak.
Pedro já chegou chegando na Câmara. De gravata, camisa social, calça de veludo e sapatos chiques, ele informou ao público:
— É tudo novo, menos a cueca!
Entre tantos momentos de alegria e emoção, eu gostaria de destacar hoje as palavras de minha querida tia Magadar Rosália Costa Briguet, que falou em nome da nossa família. Magadar (ou Tia Lia, como carinhosamente a chamamos na família) é uma das mais respeitadas autoridades em direito previdenciário no Brasil. Para se ter uma ideia de como é requisitada, ela chegou a Londrina vinda de Cuiabá e neste momento está voando para Boa Vista, em Roraima, para proferir palestras sobre aposentadoria. O curioso e admirável é que ela nunca se aposentará!
Se ela não pudesse ter vindo a Londrina, eu entenderia perfeitamente, pois a agenda da dra. Magadar Briguet é concorridíssima. Mas ela veio. Veio e falou. Veio, falou e emocionou. Vejam só:
“Boa noite a todos.
Sou tia do Paulo, irmã única de sua mãe, infelizmente já falecida.
Nossa família, pequena, mas cheia de amor, foi sempre muito próxima, de modo que minhas lembranças sobre o Paulo abrangem desde o seu nascimento, e gostaria de lembrar um episódio engraçado, de seu batizado, em que ele chorava muito, e só mais tarde identificou-se que era o sapatinho que lhe torturava os pés. Hoje, o Paulo tem horror de sapatos que lhe apertam os pés!
Muito falante e bem agitado nos primeiros anos, já prenunciava que seria alguém que estaria sempre envolvido com o público.
Mas minhas lembranças seguem além e são importantes, porque revelam onde Paulo aprendeu sua humanidade, pois, como se sabe, é no seio da família em que se molda o ser humano.
O avô, meu pai, o adorava. Fanático corintiano que era, não torcia para o Timão quando o Palmeiras — time do neto — jogava contra. Do avô, com certeza, herdou a generosidade, o bom humor e o sobrenome Briguet, que adotou em sua homenagem, mais tarde, na sua carreira de jornalista.
Na adolescência, porém, transformou-se em alguém mais silencioso, sempre voltado com os livros, seus mais diletos amigos. E aos 15 anos já lia Franz Kafka, Sartre, Proust. Sua verve literária despontava já na adolescência, mas de outro lado revelava uma profunda preocupação com a humanidade, o que o encaminhou para a filosofia, que, no entanto, não preencheu seus anseios, sobretudo de comunicação, que só viria com o jornalismo, ao qual se dedica há mais de 20 anos.
Do pai, homem de inteligência brilhante, herdou o gosto pelas letras, a reflexão, a honestidade, a retidão moral e a imensa dedicação à família, em especial, em relação a sua sempre e eterna esposa, minha irmã, Aracy.
Hoje Paulo repete essa dedicação e esse amor à querida esposa Rosângela, que veio adicionar à sua vida mais mansidão, junto com o Pedrinho, esse homenzinho que floresce para o tempo.
Da mãe, herdou a doçura, a ternura e, mais recentemente, a fé em Deus e em Jesus.
E, assim, temos o Paulo, que mais que uma mistura de tendências e heranças genéticas, revela-se um homem incrível, paciente, analista da alma humana e do cotidiano, pincelando a realidade com suas crônicas plenas de sabor, naquilo que o ser humano tem de melhor, crônicas essas que eram avidamente lidas por sua mãe, pela internet — instrumento que sói lhe servia para isso — para ler as crônicas e os artigos do filho amado.
Conviver com o Paulo é muito gratificante, com suas lições de temperança, repletas de consideração e misericórdia com os fatos do mundo.
E como é bom ouvi-lo cantar, ao violão, “Papel Marché’, de João Bosco, música predileta de sua mãe. Sim, porque Paulo ainda dedilha um violão, e canta e encanta muito bem!
Paulo, paulistano, escolheu Londrina como a cidade de seu coração e hoje a cidade ganha um cidadão, um homem simples, mas de retidão moral, sincero, probo, que dedica seu talento para enriquecer a cidade com suas letras, suas crônicas, seus artigos, seus livros.
Tenho muito orgulho desse sobrinho querido e certamente juntam-se a mim aqueles que já se foram, seus eternos admiradores — pai, mãe, avós e tios, e todos estão aqui, nesta solenidade, participando desta festa.
Enfim, Paulo, você é o terreno fértil a que Jesus se refere na parábola do semeador, que recebeu a semente de sua família e que frutificou, conservando um coração honesto e bom, produzindo a boa colheita com perseverança.
Parabéns, Londrina, você ganhou um filho. Parabéns, Paulo, você passou a ser um irmão, um conterrâneo, um verdadeiro pé-vermelho.”
(Magadar Briguet, 25 de agosto de 2017.)