sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Rompimento de barragem da Samarco pode impactar vida marinha por cem anos


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Biólogo denuncia o que classifica como o assassinato da quinta maior bacia hidrográfica brasileira
por Alceu Luís Castilho — publicado 14/11/2015 i


Corpo de Bombeiros-MG

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O biólogo André Ruschi, diretor da escola Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, em Aracruz (ES), defende o fechamento da Samarco, mineradora responsável pelo rompimento da barragem de resíduos em Mariana (MG).

Ele usou uma rede social para falar do impacto em três Unidades de Conservação, em particular o Refúgio de Vida Silvestre de Santa Cruz, um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

“O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos”, afirma. Ele aponta “assassinato da quinta maior bacia hidrográfica brasileira”, diz que a empresa é reincidente e debochou da prevenção.

Ele também critica o licenciamento para o projeto: “Barragens e lagoas de contenção de dejetos necessitam ter barragens de emergência e plano de contingência. Como licenciar o projeto sem estes quesitos cumpridos?”

Em outra publicação ele fala sobre o “mar de lama” que se tornou a enxurrada de resíduos da Samarco: “Não seria melhor evitar que a lama chegasse ao mar?

Quem teve a brilhante ideia de abrir as comportas das barragens rio abaixo em vez de fechá-las para conter a lama e depois retirar a lama da calha do rio? Quem ainda pensa que o mar tem o poder de diluição da poluição? Isto é um retrocesso da ciência de mais de um século!”

Vejam o depoimento inicial dele, conforme publicado em sua página no Facebook:

“Esta sopa de lama tóxica que desce no rio Doce e descerá por alguns anos toda vez que houver chuvas fortes e irá para a região litorânea do ES, espalhando-se por uns 3.000 km2 no litoral norte e uns 7.000 km2 no litoral ao sul, atingindo três Unidades de Conservação marinhas – Comboios, APA Costa das Algas e RVS de Santa Cruz, que juntos somam uns 200.000 km no mar.

Os minerais mais tóxicos e que estão em pequenas quantidades na massa total da lama, aparecerão concentrados na cadeia alimentar por muitos anos, talvez uns 100 anos.

RVS de Santa Cruz é um dos mais importantes criadouros marinhos do Oceano Atlântico.

Um hectare de criadouro marinho equivale a 100 quilômetros de floresta tropical primária. Isto significa que o impacto no mar equivale a uma descarga tóxica que contaminaria uma área terrestre de de 20 milhões de hectares ou 200 mil km2 de floresta tropical primária. E a mata ciliar também tem valor em dobro.

Considerando as duas margens, são 1.500 km lineares x 2 = 3.000 km2 ou 300 mil hectares de floresta tropical primária.

Vocês não fazem ideia.

O fluxo de nutrientes de toda a cadeia alimentar de 1/3 da região sudeste e o eixo de ½ do Oceano Atlântico Sul está comprometido e pouco funcional por no mínimo 100 anos!

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