A NOTÍCIA QUE EU NÃO QUERIA DAR (1989-2015)
É como disse um amigo: – Todos perderam com o fim do JL - Jornal de Londrina. Todos.
Hoje perderam os jornalistas, primeiros a receber a terrível notícia.
Amanhã, amanhã cedo, a cidade se dará conta de que perdeu um tesouro de valor inestimável.
E muito em breve todos saberão que perderam algo essencial: uma voz no deserto. Uma voz com suas limitações, com suas dificuldades, com suas carências, com seus erros. Mas uma voz.
Quando entrava no tom – e sempre acontecia –, era uma voz fundamental, ao menos para nossa vida aqui na cidade que completou 81 anos há uma semana.
Guardem esta data: 17 de dezembro de 2015. O fim do JL está para o jornalismo londrinense como a geada negra de 1975 esteve para a nossa economia.
Era mais que um jornal, era um amigo da cidade. É difícil usar esse tempo verbal para falar dele. Mas não há como fugir ao pretérito. Depois de tantas notícias ruins e de um país destruído, terminamos este annus horribilis de 2015 com mais esta tragédia.
O JL surgiu em 1989, para ser uma voz independente e lúcida no cotidiano da cidade. Nasceu da iniciativa de muitas pessoas, mas que podem ser amalgamadas em um só nome: Délio César. Ele, o maior jornalista da história da cidade, que morreu no mesmo ano do jornal que criou. Às vezes eu penso que foi melhor o Délio não ter sofrido essa dor em vida.
Muitos não gostam de falar no assunto, mas o JL tornou-se viável através da união de um grupo de empresários locais. Sempre teve uma vida difícil. Nos primeiros anos, enfrentou o poder de Belinati. A partir de 1993, enfrentou o poder do PT. Sempre sofreu com o radicalismo e a impertinência dos dirigentes sindicais – fato que se manteve até hoje.
O JL cometeu erros? É claro que sim. Mas foi um jornal corajoso até o último dia. Prova disso é que era criticado por todas as correntes políticas, sempre. Mas deixo aqui meu testemunho pessoal: em nenhum momento fui vítima de censura ou deturpação no meu trabalho. Sempre tive liberdade total para escrever o que penso. É o que faço agora. É o que continuarei fazendo, em respeito à memória do jornal.
Estou triste como se tivesse perdido um amigo, um irmão.
Obrigado, JL. Você saiu das páginas para entrar na história.
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