FOLHAWEB
Do pomar para o mundo
Suco concentrado de laranja processado em Uraí conquista o mercado exterior; a produção da safra atual é estimada em 6.500 toneladas
Além do suco, a unidade extrai óleos essenciais da casca para indústrias de cosméticos e tintas; bagaço vai para a produção de ração animal
Satisfeito com os resultados, Osvaldo Kubiraki está trocando a área de 1,5 alqueire de café por mais espaço para as laranjas
Uraí - A todo vapor, trabalhando em três turnos, a Unidade Industrial de Sucos (UIS) da Cooperativa Integrada, em Uraí, estima processar até o final da safra, em fevereiro do ano que vem, 6.500 toneladas de suco concentrado congelado de laranja. Com a produção dirigida ao mercado externo (apenas uma pequena porcentagem é disponibilizada para o consumo dos cooperados), os contêineres saem diretamente da fábrica para os portos. No prazo médio de um mês, o produto está disponível ao importador para que ele faça a "reconstituição" do suco – adicionando ingredientes como água e açúcar – e criando seu "blend" particular sob marca própria. O mercado consumidor inclui mais de 20 países da Europa, da Ásia, do Oriente Médio e da América Latina.
A expectativa é processar de 1,8 milhão a 2 milhões de caixas de laranjas nesta safra (capacidade nominal da indústria). A produção dos 130 cooperados de 26 municípios das regiões norte e norte pioneiro (que engloba em torno de 600 mil plantas em 1.300 hectares) representa metade da demanda: o restante é comprado de produtores cadastrados de outros municípios do Paraná e do sudoeste de São Paulo.
"Isso demonstra o quanto ainda podemos crescer na produção local. A Integrada foi a única indústria de suco que se instalou em uma região em que não havia previamente uma grande área produtora de laranja, mas acreditou no negócio como forma de incentivar a diversificação de culturas agrícolas na região. A laranja é uma commodity que merece ser valorizada pela sua estabilidade e pelo seu retorno", destaca o gerente industrial Paulo Antonio Rizzo.
Hoje, o preço da laranja está cotado entre US$ 1.600 e US$ 1.700/tonelada (posto no porto); há dois anos, a commodity chegou a ser negociada a US$ 2 mil/t. "Outra vantagem é a ‘janela de colheita’ que a laranja permite, podendo a fruta ficar no pé até dois meses após a maturação; diferentemente dos cereais, que exigem uma colheita mais rápida e sentem mais a instabilidade do tempo", observa Rizzo.
Em funcionamento desde 2013, a indústria – atualmente a única do Norte do Paraná - contou com projeto de incentivo aos cooperados para o plantio de mudas de laranja a partir de 2008 para que em cinco anos os laranjais da região já estivessem em ponto de maturação para começar atender a demanda industrial. "Trabalhamos com variedades de colheita precoce, como a Iapar 73, taquari; intermediária, como a laranja pera, e vamos seguindo até o final da safra com variedades mais tardias, como folha murcha, valência e natal. A ideia é que sempre tenhamos produtos frescos durante toda a safra e fazemos um controle rigoroso do momento certo de colheita, com testes de amostragem que atestam quantidade de açúcar e acidez adequada", explica Rizzo. A unidade fabril tem hoje 55 funcionários, sendo que, de forma indireta, estima-se que a atividade envolva aproximadamente 400 pessoas durante a safra.
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