quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O MAIOR COLECIONADOR DE GIBIS DO BRASIL

Colecionador de gibis do Brasil tem acervo com 80 mil exemplares

Na coleção encontram-se desde os primeiros exemplares publicados no país até os mais recentes
Publicado em 03/12/2010 
Colecionador de gibis do Brasil tem acervo com 80 mil exemplares
Kendi Sakamoto mostra alguns gibis de sua coleção- Foto: Walter Tommasi
ALINE SCHONS
FRANCINE ANTOSZCZYSZYN
LÍVIA SOUSA
A paixão começou cedo. Engenheiro elétrico e professor universitário, Kendi Sakamoto, 56, se considera o maior colecionador de histórias em quadrinhos do Brasil. Paulista de Monte Alto, interior do Estado, Sakamoto conta que o interesse pelos gibis começou por influência do irmão mais velho. Aos 4 anos de idade ganhou o primeiro exemplar, do personagem Tarzan. Considerado por ele uma figura nobre, honesta e com senso de proteção às florestas, o herói é até hoje o seu predileto.
Mesmo sem saber ler naquela época, Sakamoto folheava os gibis por admirar as ilustrações. “Eu achava bacana a linguagem dos quadrinhos, a expressão das pessoas, o movimento que é colocado nas histórias, aqueles balões e as onomatopeias”, disse.
Na infância, o colecionador teve acesso apenas aos gibis dos anos 60. Mas a partir de 1973, quando se mudou para a capital de São Paulo, buscou por obras das décadas de 30, 40 e 50. Desde então, a procura por conhecimento nesta área passou a fazer parte da rotina do aventureiro.
A coleção começou em uma casa pequena, mas, ao longo do tempo, a quantidade aumentou e foi necessário construir um espaço de 120 metros quadrados somente para gibis, localizado em uma chácara em Santana de Parnaíba, interior de São Paulo. Além do ambiente físico, Sakamoto também criou um site onde preserva a memória dos quadrinhos. Lá, estão desde o primeiro gibis publicado no Brasil, datado de 1938, até os mais recentes.
Gibis, como são conhecidas as revistas de histórias em quadrinhos no Brasil, possui esse nome em homenagem ao primeiro exemplar publicado, que contava a história de um menino chamado “Gibi”, em 1938.
Também entre os mais antigos estão as tiras – histórias sequenciais - dos personagens Brucutu, Fantasma, Madraque e Tarzan. Sakamoto explica que para acompanhar as histórias nesta época, o leitor deveria aguardar a publicação de tempo em tempo. “Naquela época, o jornal “O Globo” comprava o direito de publicação das tiras de jornais. Então você comprava o jornal e tinha um capítulo por dia”, contou.
O gibi São João é uma das edições mais raras e, consequentemente, caras do colecionador. O valor é estimado em R$ 4.000. Sakamoto explica que o preço deve-se à dificuldade de conservação de gibis de espécie cartonada, que é aquela que ao longo do tempo se rasga conforme o manuseio constante.
Para eternizar o trabalho, o colecionador pretende criar um museu. Sakamoto acredita que, desta forma, o acervo poderia ser apreciado por uma série de pessoas que não tiveram acesso, principalmente aos quadrinhos antigos, artistas e desenhistas que marcaram a época. E ressalta que para que isto seja possível, é necessário patrocínio de empresas, pois não há investimento nesse tipo de cultura por parte de nenhuma secretaria ou órgão público.
O simples ato de copiar desenhos na infância foi aprimorado e levado adiante. O colecionador passou a desenhar, de fato. “Criei alguns personagens, minha linha é mais cowboy, faroeste. Eu não cheguei ainda a publicá-los, mas quem sabe um dia isso possa acontecer”.
Para se obter uma coleção tão vasta, Sakamoto enumera três pontos principais: espaço físico, tempo para apreciar e dinheiro para manter e acrescentar coisas novas. Sobre o valor estimado da coleção completa, o aposentado diz que, por todo o investimento, seria acima de um milhão de reais.

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