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[The Amityville Horror, Stuart Rosenberg, 1979]
Top 10:
Os
filmes de terror têm uma realeza: os longas estrelados por casas mal
assombradas assustam a humanidade desde que o cinema é cinema, mexem com
instintos, torturam os mais fracos, empolgam os mais fortes, lidam com o
maior dos medos, o medo do desconhecido. Na esteira de Invocação do Mal, belo filme de casa mal assombrada que estreia nesta sexta-feira, o Filmes o Chico
lista os dez melhores filmes de casas mal assombradas que o cinema já
produziu. Há clássicos antigos e filmes mais recentes. O único critério
foi ser realmente assustador.
10 A Cidade do Horror ou Terror em Amityville
[The Amityville Horror, Stuart Rosenberg, 1979]
A história de A Cidade do Horror
é clássica: uma família se muda para uma casa onde aconteceu uma
tragédia misteriosa. O filme mostra esse evento logo no início para em
seguida narrar a chegada dos novos moradores, que conheciam o fato, mas
preferiram economizar e começam a passar por poucas e boas. Embora hoje
assuste menos do que fez épocas atrás, há dois pontos que permanecem
excelentes até hoje: a interpretação de James Brolin, cujo personagem
entra num processo parecido com o de Jack Torrance em O Iluminado,
e a macabra trilha sonora de Lalo Schifrin, que concorreu ao Oscar. O
longa, que rendeu dez continuações ou remakes, se baseia num caso real,
um dos inúmeros investigados pelo casal Ed e Lorraine Warren, os mesmos
cuja experiência está relatada em Invocação do Mal.
9 A Sétima Vítima ½
[Darkness, Jaume Balagueró, 2002]
[Darkness, Jaume Balagueró, 2002]
Este filme, lançado diretamente em home
video no Brasil, quase passou despercebido, mas é um dos melhores filme
de terror do início da década passada. O diretor Jaume Balagueró, mais
conhecido por seu trabalho em [REC], garante um clima
envelhecido que funciona muitíssimo bem. Não fosse uma seqüência
didática que tem a missão de explicara as coisas, merecia mais elogios
por sua capacidade de criar o que todo filme do gênero deveria, bons
sustos, utilizando muitas vezes apenas a sugestão. E, nas outras,
invadindo a praia do ocultismo, algo naturalmente assustador, e que já
rendeu belos filmes de terror. Balagueró ainda cria um interessantíssimo
jogo de luz e escuridão que aumenta as potencialidades do longa.
8 Sobrenatural
[Insidious, James Wan, 2011]
[Insidious, James Wan, 2011]
Dirigido pelo mesmo James Wan de Invocação do Mal, este longa recuperou o clima aterrorizante dos filmes de espíritos. Sobrenatural
é uma espécie de homenagem aos longas de terror dos anos 70 e 80 que
passeavam por casas assombradas e colocavam os personagens frente ao
desconhecido. E o filme faz isso da maneira mais simples e eficiente
possível. Os criadores usam os elementos mais clássicos do gênero (vozes
macabras, aparições na janela e vultos pela casa) sem chances para que o
espectador pare para respirar. E não se trata de velocidade, mas
intensidade. O diretor se arrisca muitas vezes nesse processo, mas,
exceto pela cena em que o protagonista chega ao covil do inimigo, tudo
se encaixa direitinho. O resultado é um assombro. De verdade.
7 A Casa da Noite Eterna
[The Legend of Hell House, John Hough, 1973]
[The Legend of Hell House, John Hough, 1973]
Certamente um dos melhores filmes de
casa mal assombrada já feitos. Richard Matheson, mestre do fantástico,
adaptou sua própria novela e John Hough soube criar cenas realmente
assustadoras a partir dela, sobretudo na primeira metade do filme, como o
ataque ao físico na sala de jantar e todas as cenas envolvendo a
personagem de Pamela Franklin, uma jovem médium amalucada, no quarto.
Por sinal, a própria escolha de Pamela deixa clara a intenção dos
produtores: ela é a menina da mansão assombrada de Os Inocentes,
que também aparece nesta lista. Pamela e Roddy McDowall, um dos atores
mais legais dos anos 70, são os destaques do elenco. O filme perde o
ritmo no final com muita explicação, mas até lá faz o que todo bom filme
de terror deveria fazer: recicla nosso medo do desconhecido e assusta
para valer.
6 Desafio ao Além
[The Haunting, Robert Wise, 1963]
[The Haunting, Robert Wise, 1963]
A refilmagem, A Casa Amaldiçoada, não chega aos pés do longa original, dirigido pelo mesmo Robert Wise que dois anos antes fez Amor, Sublime Amor, e dois anos depois, dirigiu A Noviça Rebelde.
O preto-e-branco ajuda a dar realismo à história do homem que faz
experiências com fantasmas e encontra numa mansão com um histórico de
mortes um lugar perfeito para suas pesquisas. Os personagens são muito
bem desenhados, mas o destaque é a médium Eleanor, interpretada por uma
ótima Julie Harris, que dá aos experimentos um tom realista que é
assustador. O trabalho de som do filme transforma as insinuações numa
possibilidade real e a direção de arte cria um ambiente onde parece que
tudo pode acontecer. Este filme, junto com Os Inocentes, rodado dois anos antes, ajudou a definir a estética e as “regras” dos filmes de casas mal assombradas.
5 Os Outros
[The Others, Alejandro Amenábar, 2001]
[The Others, Alejandro Amenábar, 2001]
O espanhol Alejandro Amenábar foi para Hollywood para entregar a Nicole Kidman sua última grande interpretação. Os Outros parece uma reinvenção de Os Inocentes
– terceira citação deste filme por aqui -, mas não por sua história,
nem por seu desfecho. Amenábar confina Kidman e seus dois filhos numa
mansão, como Jack Clayton fez com Deborah Kerr e as duas crianças de que
toma conta, repetindo o ambiente refinado que deixa a história mais
crível. Aqui, os meninos sofrem de doença rara, não podendo ficar
expostos à luz, o que faz com que o diretor trabalhe com uma iluminação
parca, algumas vezes à luz de velas, o que dá ao filme uma atmosfera
sufocante. Fionnula Flanagan está excelente e a reviravolta final – de
sua personagem e do filme como um todo – é conduzida da forma mais
elegante possível.
4 Intermediário do Diabo
[The Changeling, Peter Medak, 1980]
[The Changeling, Peter Medak, 1980]
O título original é quase o mesmo do
filme dirigido por Clint Eastwood em 2008, mas o longa feito quase três
décadas antes pelo húngaro Peter Medak no Canadá não tem qualquer
relação com ele. Intermediário do Diabo ou simplesmente A Troca
é um clássico filme sobre uma casa mal assombrada. Um dos melhores que
eu já vi na vida. George C. Scott é um compositor que perde a família
num acidente, que se tornou uma das cenas de abertura mais fortes da
época, e vai morar numa mansão abandonada. Pra variar, descobre que não
está sozinho. Medak comanda essa história como um maestro, coordenando
as cenas de aparição do fantasma com uma habilidade rara. Mesmo quando é
explícito, o filme tem um extremo bom gosto visual. A trilha sonora e a
sonoplastia também são classudas, mas o que deixa este filme
diferenciado é como Medak desenvolve o mistério sobre a identidade do
fantasma com um thriller impecável.
3 Os Inocentes
[The Innocents, Jack Clayton, 1961]
[The Innocents, Jack Clayton, 1961]
Depois de ser citado três vezes, o filme
de Jack Clayton precisava aparecer nesta lista. Deborah Kerr faz uma
governanta contratada para tomar conta dos sobrinhos de um milionário
numa mansão vitoriana. Ao poucos, ela percebe presenças estranhas no
casarão isolado e descobre histórias ligadas ao passado do lugar e de
seus moradores. Os Inocentes não é um filme de
certezas, o que o deixa ainda mais instigante: até que ponto o que
parece – e às vezes aparece – realmente está acontecendo? Kerr está
impressionante com a protagonista, intensa, desconfiada, quase excessiva
em sua procura por tentar entender de onde vêm aquelas vozes. Henry
James, autor do livro em que se baseia o longa, trata de dar ao texto
uma sofisticação que não existia nesse tipo de histórias levadas ao
cinema até então. As roupas de época e a cenografia luxuosa encorpam a
carga histórica que Clayton imputa ao material. O diretor faz um
sensacional jogo de luzes, estourando a fotografia em diversas cenas,
indo na contramão do que se faz hoje para criar terror e acertando em
cheio.
2 O Iluminado
[The Shining, Stanley Kubrick, 1980]
[The Shining, Stanley Kubrick, 1980]
Primeiro, há o impacto daquela
imensidão, seja nas cenas abertas, seja nas internas. Nada escapa à
câmera de John Alcott, que promove um romance entre as cores da
fotografia e os cenários majestosos. Cada quadro é extremamente
calculado, com todos os elementos de cena arranjados em função de um
equilíbrio não puramente estético, mas conceitual – em favor do clima de
prisão superdimensionada. A importância do espaço, algo comum a toda a
filmografia kubrickiana, é mais forte aqui já que, neste filme, o hotel é
quase uma personagem. Os três protagonistas vagam pelo cenário
estabelecendo pequenas jornadas solitárias até se perderem dentro dele,
ao som de uma música perturbadora. É quando Kubrick catapulta o texto de
Stephen King, que, por sinal, não gostou nada do resultado. Neste
filme, Jack Nicholson estabelece um padrão de interpretação que
influenciou praticamente tudo que veio depois. Shelley Duvall faz algo
parecido. Materializa o desespero, mas é o pequeno Danny Lloyd, o
responsável por algumas das expressões de pavor mais assustadoras da
história do cinema.
1 Poltergeist – O Fenômeno
[Poltergeist, Tobe Hooper, 1982]
[Poltergeist, Tobe Hooper, 1982]
A imagem de Carol Anne conversando com a
televisão aterrorizam a infância de qualquer um. O fato de estarmos
diante de um filme “de família”, de um desafio familiar (e um filme
exemplar na ambientação desse cenário), cria uma aproximação natural com
o drama dos protagonistas. É, muito provavelmente, um dos dez melhores
filmes de terror que o cinema já pariu. Assustador do começo ao fim, sua
maior qualidade é a elegância da direção, que dá credibilidade à
história sobrenatural. Sem querer desmerecer o trabalho de Tobe Hooper,
praticamente tudo no filme nos leva a crer que o verdadeiro criador ali
foi mesmo Steven Spielberg, roteirista e produtor. Sua mão está lá,
desde o tratamento familiar à ambientação, à escalação de um elenco
perfeito, ao apuro técnico, à câmera e a cor do filme, parentes próximos
do que vemos em Tubarão, por exemplo. A fotografia é excelente,
com uma atenção especial para alguns enquadramentos dentro dos planos. E
a montagem é essencial para espalhar o horror pelo filme.
Entre os filmes que “quase chegaram lá”, estão O Orfanato o japonês A Casa, a animação A Casa Monstro, o surpreendente Ecos do Além, com Kevin Bacon, o recente Atividade Paranormal, que tem altos e baixos, mas deu novas perspectivas ao gênero; o gore A Morte do Demônio, que só não entrou porque é quase tão cômico quando de terror; e Não Tenha Medo do Escuro. produção retrô de Guillermo del Toro.
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