SEGUNDO O DR. LAIR RIBEIRO O CORRETO É CORTAR OS ALIMENTOS QUE CAUSAM INFECÇÃO NAS ARTÉRIAS...
Nova medicação para tratar a doença reduz risco de infarto e doenças coronarianas em 53%, segundo testes
Nova medicação para tratar a doença reduz risco de infarto e doenças coronarianas em 53%, segundo testes
Além da alimentação inadequada e vida sedentária, altos índices de colesterol também podem estar relacionados a fatores genéticos
Celso Pacheco
"Faço o retorno ao médico de quatro em quatro meses, e tenho realizado caminhadas, além de tomar a medicação", afirma Elias de Oliveira
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que aproximadamente 60% da população brasileira possui taxas inadequadas de colesterol no sangue. O índice considerado normal é de uma média de 130mg/dL ou 160mg/dL para pessoas que nunca tiveram acidentes vasculares e de cerca de 50 mg/dL a 70 mg/dL para aqueles que já passaram por esse tipo de problema. Quando esses valores estão elevados, essa alteração pode ser decorrente de hábitos de vida desregulados, que incluem desde a alimentação inadequada, o ato de fumar e vida sedentária, ou mesmo em função de problema genético.
No Brasil, a cada 40 segundos, uma pessoa sofre com a falta de oxigênio e sangue no coração, interrompidos por uma placa de gordura nas artérias. São pessoas como o comerciário Elias Jaime de Oliveira, de 43 anos. Há seis anos, ele sofreu um infarto. Na época, pesava 99 kg e já tinha um histórico de colesterol alto. "Eu tenho problema de cálculo renal e o médico havia me alertado que eu precisava me cuidar, que era preciso realizar caminhadas com regularidade, caso contrário eu corria riscos. Mas eu acabei não me exercitando e sofri o infarto", relata.
Oliveira foi então submetido a uma cirurgia de cateterismo. "Foi algo muito sério que precisou a colocação de um stent (prótese expansível inserida no interior de uma artéria para prevenir ou evitar o entupimento do vaso). Desde então me recuperei e não sinto mais nada. Faço o retorno ao médico de quatro em quatro meses, e tenho realizado caminhadas, além de tomar a medicação", detalha. Ele relata que iniciou o tratamento tomando um tipo de estatina, mas que tinha como efeito colateral dores musculares. Hoje, ele trocou o medicamento por causa desse problema e tem reagido bem.
Como Oliveira, existem muitos pacientes com intolerância à estatina – tratamento mais eficaz contra o colesterol alto até hoje. O problema era como fazer com os pacientes que possuíam intolerância ao medicamento ou aqueles que mesmo com o uso das estatinas continuavam apresentando taxas altas de LDL (colesterol ruim) no sangue e, consequentemente, risco cardiovascular alto.
NOVO MEDICAMENTO
O médico cardiologista Francisco Fonseca, coordenador de Lípides do Centro de Treinamento Pesquisa e Ensino de Emergências Cardiológicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), relata que em 2006 a médica Helen Hobbs, do Centro Médico da Universidade do Sudoeste do Texas, em Dallas (EUA), encontrou uma mulher negra de 40 anos saudável e com o nível de LDL de 14 mg/dL, uma taxa extremamente baixa e rara em adultos. "Os pesquisadores a analisaram de cima a baixo para ver o que causava esses números tão baixos", relata Fonseca. Segundo a pesquisa, a paciente herdou duas mutações no gene PCSK9, uma do pai e a outra da mãe, que provocavam uma diminuição na síntese da proteína e que tinha como resultado a retirada do LDL da corrente sanguínea. Foram realizados estudos para imitar essa "mutação positiva" e com esses dados foi desenvolvido um medicamento biológico baseado em anticorpos monoclonais, cujo princípio ativo é o evolocumabe, que se assemelha às células de defesa do organismo e que são programados para destruir o LDL e de seus receptores.
Dos mais de 30 mil pacientes no mundo que foram submetidos aos testes, o Brasil participou com a avaliação de 764 pacientes em 31 centros de pesquisa.
A médica formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), Maristela Sampaio, atualmente é consultora médica da Amgen, o laboratório que desenvolveu o medicamento denominado Repatha, que age no fígado se conectando à proteína PCSK9 e impedindo que ela se conecte ao receptor de LDL. Sem a ação do PCSK9, mais receptores retornam à superfície da célula e a retirada do LDL se torna mais eficiente. Segundo os estudos realizados para o desenvolvimento do medicamento, entre 1% a 3% da população possui uma mutação na proteína PCSK9 e que resultava em índices mais baixos de LDL.
"No estudo foram aplicadas 120 mg do medicamento por meio de injeções subcutâneas a cada duas semanas e comparadas com um grupo de controle que utilizava somente as estatinas e, independentemente da idade do paciente, dos intolerantes às estatinas, o risco cardiovascular apresentou redução previsível e constante do colesterol de até 75% em relação aos pacientes que tomavam apenas estatinas", revela. Isso proporcionou que até 94% dos pacientes atingissem as metas indicadas para cada caso.
Segundo Maristela, quando foram realizados testes de segurança e eficácia, os pacientes analisados ao longo de 365 dias tiveram redução do risco de infartos e doenças coronarianas de 53%. "Com base nesse estudo a gente chegou à conclusão de que aquela afirmação de que 'quanto mais baixo é o LDL, melhor para o paciente' parece ser verdade", afirma.
Segundo ela, os efeitos adversos desse novo medicamento são a nasofaringite, a infecção do trato respiratório superior, a cefaleia e a dor nas costas. "Até mesmo a mialgia pode aparecer, mas no grupo que recebeu o evolocumabe é de 3%, bastante semelhante à encontrada no grupo de controle, o que nos dá segurança de ser bastante tranquilo", expõe.
A aplicação se dá sob a forma de uma seringa preenchida previamente, semelhante às canetas de insulina, que pode ser administrada em casa após instrução de um médico ou enfermeiro. (O jornalista viajou a convite da Amgen)
Vítor Ogawa
Reportagem Local
Nenhum comentário:
Postar um comentário