Em um momento em que o crime aumenta, senado reprime o trabalho da polícia. Isso é brincadeira??
Senado aprova projeto que prioriza armas não letais na ação da polícia
Agentes devem priorizar, por exemplo, spray de pimenta e bala de borracha. Texto ainda precisa ser sancionado pela Presidência da República.
Priscilla Mendes
Do G1, em Brasília
O Senado Federal aprovou nesta quarta-feira (26) projeto de lei que
determina que os órgãos de segurança pública devem priorizar uso de
“instrumentos de menor potencial ofensivo” em suas ações. Com isso,
devem ser priorizados itens como spray de pimenta, gás lacrimogênio,
cassetetes e balas de borracha e armas de eletrochoque. O texto, que já
foi aprovado pela Câmara dos Deputados, seguirá para sanção
presidencial.
O uso desses instrumentos deve ser priorizado, conforme o projeto,
desde que não coloque em risco a integridade física e psíquica dos
policiais. Além disso, os agentes deverão obedecer a “princípios de
legalidade, necessidade, razoabilidade e proporcionalidade” no emprego
das armas não letais.
Os “instrumentos de menor potencial ofensivo” são definidos como
equipamentos projetados especificamente para conter, debilitar ou
incapacitar temporariamente pessoas. Esses equipamentos devem ainda
apresentar “baixa probabilidade de causar mortes ou lesões permanentes”.
Durante a discussão em plenário, a senadora Lídice da Mata (PSB-BA)
questionou o projeto, dizendo que os policiais vêm utilizando esses
instrumentos não para combater a criminalidade, mas para conter
manifestantes.
“Preocupa-me que a gente tenha as chamadas armas de choque contra
manifestantes, gás de pimenta contra manifestantes, o que tem
demonstrado ser um mecanismo também extremamente violento na repressão
de manifestações, com danos a pessoas que participam de manifestação, a
pessoas no entorno”, afirmou a senadora.
Relator defende 'razoabilidade' no uso
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), relator do texto, respondeu ao questionamento da colega dizendo que o emprego de armas não letais, conforme determina o projeto, deverá obedecer ao princípio da “razoabilidade”. “O projeto cuida exatamente de disciplinar, para que não haja nenhum abuso contra manifestantes”, defendeu Crivella.
O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), relator do texto, respondeu ao questionamento da colega dizendo que o emprego de armas não letais, conforme determina o projeto, deverá obedecer ao princípio da “razoabilidade”. “O projeto cuida exatamente de disciplinar, para que não haja nenhum abuso contra manifestantes”, defendeu Crivella.
O relator afirmou ainda que o objetivo da proposta é reduzir as
ocorrências graves por agentes de segurança pública. O número de pessoas
mortas em decorrência de intervenção policial, segundo Crivella, vem
aumentando. No Rio de Janeiro, esse tipo de ocorrência subiu de 29 casos
em 2013 para 49 somente em janeiro de 2014, segundo dados do Instituto
de Segurança Pública apresentados pelo senador.
O projeto diz ainda que "não é legítimo" usar armas de fogo contra
pessoa desarmada em fuga ou contra veículo que desrespeite bloqueio
policial, salvo quando representem risco de morte ou lesão a agentes ou
terceiros.
Pessoas feridas em decorrência do uso da força de policias devem ser
atendidas imediatamente, conforme o projeto, e suas famílias deverão ser
comunicadas. Por fim, o texto prevê que o Executivo elabore um
regulamento para classificar e disciplinar a utilização de instrumentos
não letais.
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