quinta-feira, 5 de junho de 2014

ARCA DA NOÉ ( ANIMAIS ) EM LONDRINA PARQUE ARTHUR THOMAS

FOLHA DE LONDRINA

PATRIMÔNIO AMBIENTAL - A pequena arca de Noé

Parque Arthur Thomas abriga animais que sobrevivem em meio à selva de pedra

 
São 85,47 hectares, 66 deles de mata nativa, rodeados por bairros populosos e pela movimentada Via Expressa, que liga as regiões norte e sul. Em meio a essa selva de asfalto, a apenas seis quilômetros do centro de Londrina, o Parque Arthur Thomas abriga um importante fragmento de Mata Atlântica – com cedros, perobas, figueiras, canelas, gurucaias, canjaranas – e um razoável número de espécies animais que lá chegaram, quarenta anos atrás, pelas mãos de um homem com nome bíblico: Noé. 

Nascido na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais, Noé da Silva cuidou daquele espaço nas décadas de 70 e 80, como administrador da Divisão de Parques e Jardins da prefeitura. Quando a área foi incorporada ao patrimônio público, cedida pela Companhia de Terras, Noé levou para lá casais de jabotis, macacos-prego, pacas, cotias, quatis e cobras que viviam no Horto Florestal ou no zoológico do Bosque. 

A pequena arca de Noé cresceu – principalmente a população de macacos que, sem predadores naturais e mal acostumados pelo homem, hoje atazanam moradores ao invadirem cozinhas e quintais em busca de comida fácil. Os bichos mais visíveis são as capivaras, que usam as encostas e os bancos de areia do lago para se espreguiçar ao sol e, assim, fazem a alegria da garotada. No ano passado, as catracas do parque registraram 63.670 visitantes, além de 2.208 alunos de escolas de toda a região. 

"Conheço cada metro daqui. Naquela época não havia fauna alguma, só uns 'caga-sebo' que vivem na beira da água. Tinha muito era macumba e saravá nas trilhas. Tratava os animais com mandioca, milho e cana, que a gente plantava nos barrancos onde hoje estão o estacionamento e a sede da Sema", conta Noé, hoje com 76 anos. 

Na época, ele comandava uma equipe com 380 homens e 74 veículos, 30 dos quais trabalhavam apenas no parque. Noé da Silva conta que, nos pedaços degradados, tentou plantar mudas nativas, sem sucesso. "Não dá. O parque todo é lajeado". Restou à equipe plantar ameixeiras, abacateiros, quaresmeiras da serra e pinheiros-bravos – em um número, porém, bem abaixo da marca de um milhão de árvores que a Divisão de Parques e Jardins cultivou em toda a cidade até ele se aposentar, em 1985.

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