Redação Bonde
Segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), o consumo dos energéticos saltou em 25% no último ano no Brasil. Essas bebidas são compostas por cafeína, guaraná, ginseng, açúcar ou adoçante e aminoácidos como a taurina e carnitina, dentre outros. Todos associados com a promessa de oferecer disposição extra a estudantes, baladeiros e esportistas.
Na verdade, o maior efeito dos energéticos fica por conta da cafeína. Essas bebidas contêm 70 a 80mg de cafeína por 240ml, cerca de três vezes o encontrado em refrigerantes do tipo cola. Além disso, essas bebidas contem suplementos também ricos em cafeína como o guaraná, o que acrescenta uma quantidade extra de cafeína que não costuma ser declarada nos rótulos do produto, resultando em doses muito maiores do que poderíamos supor.
Altas doses de cafeína causam estímulo do Sistema Nervoso Central, insônia, aumento da frequência cardíaca, tremores e um efeito dito termogênico irrisório. Ou seja, ela é muito mais energética (ou seja, nos dá mais energia) do que termogênica (ou seja, que aumenta a queima calórica). Tanto é assim que já foi usada há muitos anos em fórmulas emagrecedoras e foi abolida dos receituários médicos, uma vez que seus efeitos colaterais excitatórios eram muito maiores do que sua suposta ação termogênica.
Enquanto aumenta a preocupação de pais e médicos, as vendas explosivas das bebidas energéticas alcançaram a marca dos 9 bilhões de dólares nos mais de 140 países em todo o mundo em 2011. Como explicar esse avanço dessas bebidas quando as agências reguladoras, cada vez mais rigorosas, cancelam medicamentos e monitoram alimentos, baseadas na proteção à saúde das pessoas? Acontece que essas bebidas são colocadas como suplementos alimentares. Não são remédios nem alimentos, fugindo assim do braço forte da vigilância.
Será que os resultados na redução do peso corporal e na melhora da disposição e vitalidade sãosatisfatórios com doses tão elevadas? De acordo com um trabalho científico publicado recentemente na revista Pediatrics, esses benefícios não superam os riscos. O efeito termogênico da cafeína não parece levar a perda de peso e os efeitos colaterais encontrados foram graves o bastante para que os pesquisadores concluíssem pela necessidade de uma regulamentação rigorosa na comercialização e consumo desses suplementos.
Na verdade, para muitos jovens, a ingestão ocasional dos energéticos não causa nenhum sintoma ou risco à saúde, mas para outros mais susceptíveis, a ingestão abusiva ou associada ao álcool pode levar a efeitos graves, como temos deparado em prontos socorros. São muitos os relatos de adolescentes e adultos jovens, atendidos nessas unidades de emergência com taquicardia, irritabilidade, ansiedade, insônia e até mesmo convulsões. Todos eles foram em busca de energia e de um corpo perfeito, que alcançariam da mesma forma e sem riscos se optassem pela malhação e alimentação equilibrada.
*Por Ellen Simone de Paiva, endocrinologista e nutróloga, diretora do Citen - Centro Integrado de Terapia Nutricional.
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