terça-feira, 7 de outubro de 2014

Juntos há 65 anos, casal morre de mãos dadas com poucos minutos de diferença

Redação Bonde
Eles se conheceram em um "bailinho de interior" e logo receberam a bênção do padre em uma igreja de Três Passos, no Rio Grande do Sul. Durante 65 anos caminharam firmes na promessa de se amarem e se respeitarem na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separasse. Mas, na última sexta-feira (3), nem mesmo a morte conseguiu separá-los por muito tempo. Doentes, Italvino e Diva se despediram da vida com apenas alguns minutos de diferença, de mãos dadas, no mesmo quarto de hospital em Porto Alegre.

Aos 89 anos, o aposentado Italvino Possa lutava desde o ano passado contra uma leucemia. Em abril deste ano, a dona de casa Diva, 80 anos, descobriu um tumor na bexiga e desde então estava internada no Hospital São Lucas, em Porto Alegre, onde também, de tempos em tempos, o esposo era submetido a transfusões de sangue. Mesmo debilitado, ele ainda tinha esperanças de que ela voltasse para casa, onde costumavam reunir família e amigos.

Italvino sempre procurou esconder da companheira a gravidade do seu estado de saúde. Não queria preocupá-la. Apesar de seus cuidados, na quarta-feira passada o estado de saúde de dona Diva piorou e ela pediu para reunir toda a família. Queria de despedir do marido, dos 10 filhos, 14 netos, 6 bisnetos.
Rafael de Freitas/Arquivo Pessoal
Rafael de Freitas/Arquivo Pessoal

Seu Italvino e dona Diva ainda comemoraram o Dia dos Namorados no ano passado


Segundo Veramar Possa, uma das filhas do casal, seu Italvino chorou durante o encontro, suplicando para que a mulher não o deixasse. Ele ainda pediu perdão por qualquer erro que tivesse cometido.

Mesmo contrariado, Italvino foi para casa. Na madrugada de quinta passou mal depois de sofrer uma hemorragia. Enquanto isso, no hospital, os órgãos de dona Diva paravam de funcionar. Como se soubesse que o fim se aproximava, seu Italvino - para surpresa de todos - pediu para ser internado. Logo ele, que vivia se esquivando dos médicos.

Para o nefrologista Fernando Tettamanzy, que acompanhava o tratamento do aposentado, ele quis acompanhar os últimos momentos da companheira.

No hospital, o casal foi colocado no mesmo quarto, em camas bem próximas. Num impulso quase automático os dois deram as mãos. Segundo informações do jornal Zero Hora, seu Italvino morreu pouco tempo depois de ser colocado ao lado da mulher. Dona Diva não demorou a acompanhá-lo: partiu 45 minutos depois.

"Ele era tão educado que, até na hora da morte, abriu a porta para ela", descreveu Tettamanzy ao Zero Hora, definindo o casal como um exemplo de cumplicidade, doçura e retidão.

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