terça-feira, 24 de setembro de 2013

FILME NA FLORESTA AMAZONICA - A floresta de Jonathas

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De caso com a floresta

Filme de Sérgio Andrade, destaque desta terça-feira no Festival Kinoarte, foi totalmente rodado em Manaus e mostra a relação afetiva entre um jovem e a mata
24/09/2013 | 00:15Fábio Luporini/JL
A Amazônia é ciumenta e assustadora. É misteriosa. Enfim, é das principais personagens na tela grande, sob a ótica do filme A floresta de Jonathas (Brasil, 2012, 98min), do diretor amazonense Sérgio Andrade, nascido e criado em Manaus, capital do Amazonas. O longa está entre os destaques da programação de hoje à noite do Festival Kinoarte de Cinema – 15ª Edição Londrina, ao lado de Entre Vales (Brasil/Alemanha/Uruguai, 2013, 80min). Ambos estão em cartaz no Cinesystem do Londrina Norte Shopping.
“Embora tenha sido filmado na Amazônia, acho que é uma metáfora de lá. O filme foi gravado próximo a Manaus, numa floresta nativa, com equipe praticamente local. Trouxe apenas cinco pessoas de fora do estado”, conta Andrade, em entrevista por telefone. De acordo com o diretor, o projeto foi o primeiro da região norte do país a ser contemplado com o edital de baixo orçamento da Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura, em 2010. O valor: R$ 1,2 milhão. “Esse foi o orçamento do filme. E acho que ficou bem feito com esse valor porque conseguimos planejar.”
Programação
Terça-feira -14h e 16h – Kinocidadão: Brichos 2, a floresta é nossa (2012, 83min), de Paulo Munhoz. Na sala Cinesystem do Londrina Norte Shopping. -18h30 – Kinoarte 10 anos: Satori Uso, Booker Pittman e Haruo Ohara. No Sesi Cultural (Praça 1º de Maio, 130). -19h30 – A floresta de Jonathas (Brasil, 2012, 98min), de Sérgio Andrade. Sala Cinesystem. -21h30 – Entre vales (Brasil/Alemanha/Uruguai, 2013, 80min), de Philippe Barcinski. Na Sala Cinesystem.
Serviço Festival Kinoarte de Cinema – 15ª Edição Londrina. Até o dia 29. Ingressos para as sessões a R$7 e R$3,50.
O enredo é baseado na realidade, embora o protagonista homônimo não tenha nada a ver com o personagem original. “Fiquei impressionado com uma história real de 2008, de um rapaz chamado Jonatha. Mas o Jonathas do filme é ficção”, diz Andrade. Em cena, uma narrativa de um amor improvável, até metafórico.
“[É]a relação afetiva entre Jonathas e a floresta, que tem sentimentos, sente ciúmes e de vez em quando chega a ser assustadora”, conta o diretor. Da metade em diante, o filme passa a ser mais macabro. “Quase um suspense, meio terror.”
Jonathas, que vive com o pai e o irmão num sítio na zona rural do Amazonas, acaba conhecendo alguns amigos e, juntos, decidem passar o fim de semana num camping. Num determinado momento, o protagonista some no meio da mata. “Não vejo apenas como um filme de um rapaz perdido. Tudo está centrado na questão de uma Amazônia como um território neutro, que neutraliza a questão territorial. É quase uma entidade.”
O ator Begê Muniz, que dá vida a Jonathas, já trabalhou com Sérgio Andrade no curta Cachoeira. “Ele tem características típicas da Amazônia, uma mescla indígena, um rosto muito exótico. Não é indígena, mas é caboclo, mestiço.”
Alguns atores indígenas fazem participação no filme. O longa tem circulado pelo Brasil e também pelo exterior. Em cada lugar, provoca uma reação diferente. “Fui para Taiwan e os asiáticos prestam bastante atenção na atmosfera, no ambiente do filme. Já os europeus observam o lado artístico, porque o filme não deixa de ser uma arte da Amazônia. E o pessoal dos Estados Unidos e do Brasil, da questão mais ocidental, vê mais como a Amazônia é representada.”
De qualquer forma, Andrade está orgulhoso de ver o longa em exibição nos diversos festivais de cinema por aí. “É um filme que veio de Manaus, onde não se tem uma tradição de filmar longas.”

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